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terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Alice de Nossas Vidas

Na página 15 da revista Espaço em Ação está publicado o cordel Alice de Nossas Vidas de Wilson Palá.

Pai nosso de cada dia

Homenagem aos noventa anos de José Antônio de Souza


PAI NOSSO DE CADA DIA

Com uma boina marrom,
Uma camisa de botão,
Calça preta social
Lá vai ele em direção
Calçado com tênis branco
Para uma nova missão.

Que são as quarenta voltas
Ao redor da igreja
Em trinta e cinco minutos
Todo dia, essa peleja.
Faça chuva ou faça sol
A coragem não fraqueja.

Porém, antes de fazer
A tranquila caminhada
Uma rotina começa
Quando finda a madrugada
E limpar o papagaio
Inicia-se a jornada.

Depois varre o terreiro,
Agua a plantação,
Coloca o lixo pra fora,
Faz café, assa o pão,
Põe a roupa no varal
E troca o garrafão.

Vai aproveitar a praça
Que ele mesmo organizou
Plantou mangueira, limão
Até dinheiro brotou
E no banquinho, na sombra
Pela manhã descansou.

Fala com um e com outro
Joga conversa fora
Corre pras ferramentas
De uma em uma explora
E faz um serviço rápido
E já segue sem demora.

Pega sua melancia,
Laranja, manga ou melão
Volta pra sua praça
Come sem preocupação
Dá seu cochilo na sombra
Para voltar ao rojão.

Ajuda a fazer o almoço
As vezes só faz olhar
Depois que come ele vai
Para a igreja encontrar
O seu grupo de amigos
Que o terço vai rezar.

Chegando de volta, em casa
Toma seu banho apressado
Calça o tênis branco
O resto já foi contado
E sai para a caminhada
Com o espirito descansado.

Por falar em caminhada
Vamos pra trás caminhar
Até em Canguaretama.
Em “Marco” pra precisar.
Que nasce José Antônio
Pra sua vida enfrentar.

Vinte e oito de fevereiro
Foi a data em que nasceu
O ano foi vinte e seis
Que esse fato aconteceu
Mas foi lá em Goianinha
Que esse menino cresceu.

O primeiro filho homem
Daquele jovem casal
Rita e Antônio Bernardo
José chega pontual
Depois de duas mulheres
Na prole inicial.

Depois vieram os outros
Pra na família seguir
O seu pai às duras penas
Foi forçado a decidir
Deixar o filho com um tio
Por não poder assistir.

Foi dentro de uma cadeia
Onde José foi morar
Lá, vivia o seu tio.
Ele era militar
E o único preso da cela
Com José ia brincar.

Mas José quando criança
Não teve tais brincadeiras
Umas feridas na pele
Roubou-lhe a infância inteira
Só na sua juventude
Livrou-se da carniceira.

Já morando com seus pais
Começou a trabalhar
Em engenhos e usinas
Era esse o lugar
Cabeceiro, agricultor
Nunca deixou de tentar.

Trabalhou em caminhão
Que tanto lhe fez feliz
Numa conversa e outra
Ele se empolga e diz:
“O danado do caminhão
Tinha uma força infeliz”.

Na juventude, José
Não conseguiu estudar
A moagem no engenho
Não dava pra combinar
Com as horas da escola
Sempre tinha que parar.

No ano quarenta e nove
Com Alice se casou
Uma nova geração
Logo se apresentou
E a vida de José
Um novo rumo tomou.

José vem para Natal
Erguer o seu novo lar
Em plena praia do pinto
Começa a trabalhar
De servente de pedreiro
Erguendo o museu do mar.

Os primeiros nove filhos
Nasceram em Goianinha:
Severino, Lourdes, Neco,
Dorinha, Cacau e Sinha,
Lindalva, Lúcia e Peta
Formavam a primeira linha.

No Pinto, Manoel Maria
Chamado de Severino.
Logo depois vem Antônio
Fuçando o seu destino
E Betinha aparece
Com o seu lado feminino.

Inda na praia do Pinto
Wilson vem encarnar
Depois nasce o Wilton
Naquele belo lugar
De dunas altas e brancas
Entre a mata e o mar.

José trouxe a família
Para no Pinto viver
E muda pra Mãe Luíza
Para se estabelecer
Há mais de quarenta anos
Busca aqui conviver.

José Antônio de Souza
Noventa anos de idade
Construiu a sua história
Com muita simplicidade
Inspirada pela fé,
A justiça e a verdade.

Diz que o conhecimento
É de Deus e da natureza
E quem for neste caminho
Encontrará com certeza
A força que move a vida
E toda a sua grandeza.

Para esse jovem senhor
Que vive a vida a viver
Falo pela família
Para assim agradecer
Por cada dia vivido
No nosso amanhecer
.

Wilson Palá