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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Uma atitude, um ato.

Um indivíduo em busca de respostas para o enfrentamento do tabagismo dentro do seu próprio pensamento.


Força estranha:
Resolva o seu problema! Corra, meu rapaz. Você tem cigarros! Está esperando o quê? E depois de um café, o que será de você? Percebes o seu humor? Claro que você não consegue aguentar por muito tempo essa sensação de vazio! Ainda mais sabendo que basta querer que a vontade de um trago seja satisfeita. Você não está preparado para encarar certos desafios. Não sabes sentir dor. Volto a dizer-lhes: resolva seu problema!

Vítima:
Nesse instante, esse desejo que arde o meu peito, que esquenta e molha a minha boca e muda completamente o meu humor não será saciado. Em hipótese alguma cederei às tentações.

Força Estranha:
Você acha justo ter que agredir as pessoas as quais você ama? Podes resolver essa questão num piscar de olhos, ou melhor, num fechar de boca. Sem tantos problemas: fume!
Veja bem, você não vai conseguir viver sem cigarros! Todo esse desejo de abandonar o vício pode ser apenas uma vontade passageira. Com certeza, influência de outra pessoa que não sabe nada sobre você; o que realmente você sente quando é engolido o trago da droga. Não sabe que esse instante é o seu momento.
Quando você acorda o seu primeiro pensamento é justamente querer saber se vale a pena comer, sem que, quando for ao banheiro fazer as suas necessidades, sinta o gosto da fumaça aliviando essa quentura interior.

Força de vontade:
            Bem, já que a história chegou a esse pé, pretendo entrar em cena para opinar sobre alguns valores que acredito. Permita que me apresente: eu sou a força de vontade. Vivo em todo ser que respira, apesar de, em muitos, viver desaparecida. Mas, sem perder o raciocínio, creio que só uma outra força pode realizar um confronto lógico e consciente. Não se deixando levar pelas atitudes deterioradas, do corpo. Como sabes, a vítima do vício já não tem o poder de decidir-se diante das induções prazerosas dessa força estranha.

Vítima
Que vazio estranho! Sinto como se algo muito importante fosse acontecer. Mas tenho também outros sentimentos diante dessa força estranha: sinto vergonha, medo, falta, sinto que a cada instante ela prova que tem grande influência no meu emocional e no meu físico. Veja, porém, que o meu paladar e olfato aumentaram numa proporção que sinto gosto e cheiro em demasia. Isso me leva a querer fumar, querer está junto dessa força estranha.
Tudo passa a ser diferente nesse momento de querer e não ter e do ter e não querer.

Força estranha:
            Os seus cigarros estão ali! Não se acanhe. Por favor, me responda: porque ficar com vontade de fumar e não realiza-la? Se em qualquer lugar que você olhar tem cigarros olhando pra você.
            Quantas vezes você já tentou parar e sabe muito bem que não consegue?

Força de Vontade:
            Não se desespere! Ninguém morre por está tentando parar de fumar.

Vítima:
Será que essa vontade tão esmagadora, não passará? Será que sempre será assim? Esse mal-estar...

Força de vontade:
            Perceba esse detalhe: essa força estranha usará ainda de vários argumentos para destruir a sua iniciativa de abandonar o vício.

Força estranha:
            Eu só acho que esse instante agressivo e de muita incerteza no seu objetivo, você poderia fumar só um pouco. Isso lhe fará muito bem. Você ficará mais calmo!

Vítima:
            Ainda tenho que passar por essas provações?! Não é o suficiente o fato de  não a querer mais? Se pelo menos, ainda a quisesse! Mas, só quero me livrar definitivamente de você!

Força estranha:
            Digas-me por que queres abandonar o fumo? Você não está com problemas de saúde, você não fuma em ambientes fechados, fuma apenas para si e de uma forma consciente e prazerosa. Você não incomoda ninguém. Exija respeito. O fumante merece respeito!

Vítima:
            Afinal você faz certas colocações que vejo razão. Agora, por exemplo, tenho a maior vontade de sentar naquela sombra, estirar as pernas e fumar o meu cigarro sem incomodar a ninguém. No mesmo instante, sem o cigarro, sei que não sentira qualquer prazer em sentar naquela sombra.

Força de vontade:
            Acredite numa coisa: o seu corpo e sua mente estão infectados e você percebe que eles podem ser curados. Pois, quando se percebe a doença inicia-se um processo de cura e isso incomoda. Ninguém gosta de saber que está doente.

Vítima:
            E o que me diz disso: faço o maior esforço para deixar o hábito de fumar, passo um mês, dois, três e me sinto um não fumante, cheio de vida. Quando vou atravessar uma rua o carro vem e me atropela e mata. O que adiantou ter parado de fumar.

Força estranha:
            Muito bem colocado. Não interessa se você fuma ou não fuma. Você morrerá de qualquer forma!

Força de vontade:
            Também concordo!  Você morrerá de qualquer jeito. Agora imagine o pouco tempo que você consegue viver sem fumo: Você vai provar que exerce total domínio sobre os seus atos e atitudes não precisando de nenhuma droga para sobreviver; além do prazer de sentir os seus dedos com um cheiro agradável, os seus dentes embranquecerão, a comida será mais gostosa, a mulher será mais cheirosa, o hálito elevará em muitas vezes o prazer do beijo, a disposição para realizar pequenas atividades aumentará, você não chegará atrasado nem chegará cedo demais. Você se amará mais e as pessoas o amarão com mais vontade. E lembre-se que às vezes passamos a vida inteira em busca de realizar um só prazer.

Força estranha:
            Belo discurso! Mas...

Vítima:
            Acredite ou não, estou precisando de um trago. A minha garganta queima, o meu peito arde, meus dedos tamborilam o vento, meus pensamentos voam de encontro a essa força estranha. Tramo em plena consciência tal situação que parece inconcebível; veja: tento me convencer que é importante que eu fume o cigarro que venho portando desde que decidi parar o uso consecutivo de cigarros. Só pelo simples fato de ser uma marca de cigarros que não é a minha habitual. Por isso tento me convencer que tenho de fumá-los para comprar a minha marca preferida e guarda-la como tentadora e depois como recordação.

Força estranha:
            Se você analisar bem, o fumo tem uma ligação muito grande com o prazer. Depois de um café, de uma transa, de um gole de sua bebida preferida; na verdade, em todos os momentos de relaxamento e de tensão o cigarro vem como ponte para um melhor raciocínio. Você e o cigarro constroem um instante de intimidade imprescindível.

Força de vontade:
            Tão imprescindível que não enxerga o perigo de cada trago! Desde o instante em que as veias abrem-se para receber mais de 4.800 substâncias químicas e tóxicas, ao exato momento em que a fumaça é expelida e outro pulmão, que não é o seu, tem obrigação de inalá-la.

Vítima:
            Isso é o mesmo que não defecar para não ter contato com clorofórmios fecais! Vamos cair na real, o que faço nesse exato momento que me encontro longe dessas substâncias? A minha boca está que parece um lobo sedento pela ovelha. Sinceramente não sei que força é essa que me segura para não ter, ainda, abocanhado um cigarro inteiro?!

Força de vontade:
            Olhe como a força de vontade é interessante. É como se fosse o purgatório: tem que haver o sofrimento para o perdão. Você tem que superar as suas forças de resistências. È acreditando no paraíso que se persiste na luta.

Vitima:
            Juro que estou tentando! Mas os elementos externos exercem um poder, talvez, até maior que os conflitos internos. O cheiro da droga em cada esquina; a propaganda na televisão; todos os lugares que se vende algo têm como seu cartão de visitas um painel com todas as marcas de cigarros. Esses são apenas alguns elementos. Mas o que pesa mesmo são os obstáculos diários que induz o pensamento para a necessidade de procurar a droga. As dívidas, a tensão no trabalho, os vizinhos que poluem o ambiente de repouso, a incompreensão do cônjuge diante de uma idéia. Esses e outros fatores que veiculam o desejo de um trago.
            Ah! Um trago...
            Toda problemática se transformaria em fumaça e aliviaria essa tensão!

Força de vontade:
            Aliviaria sim, até o próximo trago.

Vítima:
            É essa a minha tortura! Eu não quero mais esse trago como salvação. Como direi isso ao meu corpo e a minha mente?

Força estranha:
            Na verdade você ainda não sabe o que quer! Vive em busca de um trago salvador e ao mesmo tempo o trai em sua lucidez. Agora me diga: que lucidez arranca dúvidas quanto ao saber do corpo e da mente?
            Volto a lembrar-lhe: os seus cigarros estão ao seu alcance! Apenas você, somente você quem vai decidir quando dar esse trago tão sonhado.

Vítima:
            Não sei se apele para rezas, orações ou coisas do gênero. Sei que existe algo muito maior do que o cigarro e tão inexplicável quanto a fé. Incolor, invisível e incompreensível que me deixa estúpido e ridículo. Como numa caganeira: você sabe que vai fazer a maior merda, mas não consegue evitar.

Força estranha:
            O vício! Eis o seu problema. Você é um viciado e tem que aprender a conviver com isso. É uma entrada sem volta. Veja: a fé, a paixão e o vício são três forças que tem o poder de abobalhar as pessoas. Você simplesmente é induzido ao ridículo, achando que é o máximo.

Força de vontade:
            Pode acreditar: existe um espaço muito grande entre o começo e o fim. Quando se percebe “bobo” a ótica é outra.
            Por mais que haja a cegueira quando se está envolvido com essa força estranha é sabido que é reversível e numa grandeza de experiência.

Vítima:
            São quase 100 horas sem fazer uso do fumo. Tenho estado relativamente equilibrado quanto às vontades e suas conseqüências. Agora veja só: só o fato de ter sido contrariado me deixou vulnerável aos ataques da força estranha.
            Aproveitei a desfeita e tomei uma pinga. Até aí, tudo bem! Depois da terceira dose, essa força estranha quase que me seduz. Induziu-me a pensar que esse trago não contaria como parte do meu propósito.  Apenas seria o petisco da pinga. Juro que se não tivesse cigarros, eu teria saído para comprar. Assim, com certeza, não teria me controlado. Lá na rua a tentação é bem maior.  

Força de vontade:
            Veja como você é tolo! Agora é exatamente o melhor momento para induzi-lo ao fumo. Você acha que já atingiu certo domínio da situação e se acha no direito de dizer que fumava cigarros. Pois é justamente nessa euforia que o seu corpo sente a vontade do trago da salvação.

Força estranha:
            Por falar nisso, aproveite o momento da pinga e faça a despedida do cigarro e sinta o seu sabor pela última vez.

Força de vontade:
            Cuidado que a última vez pode ser a primeira de uma série.

Vítima:
            Talvez eu tenha chegado ao meu limite! Esse é o meu momento mais sensível diante dessa força estranha. Estou me sentindo fragilizado.

Força de vontade:
            É esse o momento de ser forte! De pesar o que vale e o que não vale a pena arriscar. É importante ser firme com o compromisso. Perceber que as coisas não são de brincadeiras ou faz de conta. Numa decisão tão importante não se deve levar, só, em conta os prazeres egoístas e passageiros. Você tem que lembrar que vai chegar um momento que o ato de não fumar vai ser tão ou mais prazeroso do que o de fumar.

Força estranha:
            Caro rapaz, se você acha que estou tentando lhe enganar oferecendo-lhe um trago, pode ter a certeza que em nenhum momento estou agindo de má fé, mentiras ou falsidades. Eu, realmente, acredito que o que estou pregando é justamente para o seu bem-estar. Você merece ser feliz.
            Quão cruel eu seria se quisesse vê-lo tenso, carrancudo, explosivo e com esse aspecto infeliz. Isso seria muita maldade. Por favor! É, dez mil vezes, preferível que use essa droga a transformar a sua vida em dissabores. A felicidade não tem preço. Nem que seja extraída dos mais fundos dos poços. Diga por que não fumar?

Vítima:
            Pare! Por favor. O tempo está passando. Espero que com ele passe todo esse sofrimento.
            Permita-me uma reflexão sobre o sofrimento: como posso ter prazer em algo que faz sofrer?
            Com certeza ainda estou muito vulnerável às tentações do fumo. Mas, já tenho forças o suficiente para introduzir esse diálogo. Bem, quando me referi ao sofrimento, não tinha percebido a sua relação com o prazer. Veja só: há muito tempo tenho inalado diariamente certa quantidade de substâncias tóxicas e altamente nocivas à saúde. Agora percebo que nesse ritual, todo sofrimento está associado ao prazer. Como todo prazer está associado ao sofrimento. Não se percebe, porém, que todos os sentidos vitais: disposição e outras funções essenciais à vida não são levados em consideração quando está envolvido na busca desse prazer.
            Quantas vezes eu priorizei ao fumo, do alimento; quantas vezes, fumando na parada de ônibus, chegava atrasado para não jogar o cigarro fora; inúmeras vezes preferi o fumo ao toque do beijo.
            Será que agora eu diria que é prazeroso fumar? Ou como eu sofri fumando!

Força estranha:
            Saiba que tudo que é bom engorda! É muito lógico que o prazer tenha que ter o seu preço. Tudo tem seu preço!
            Veja Jesus que sofreu na cruz pelo prazer de eternizar a palavra;
            A criança que sofre com as cáries pelo prazer do doce;
            As pessoas que sofre de paixão pelo prazer do gozo;
            E porque não, o sofrer do corpo pelo o prazer da alma?
            Coragem!!!
            Fumar faz bem a alma.

Vítima:
            Chega! Não é justo. De que adianta tantos sins e tantos nãos se o meu sofrimento não depende nem de um, nem de outro? As forças que estão me regendo colocaram-me em uma posição que tanto o ir quanto o vir tem a mesma distância. Eu não sei mais distinguir o prazer da dor.

Força de vontade:
            Você está de parabéns. Estás em uma estância neutra. É justamente a hora de alguns valores entrarem em cena: o caráter, a prudência, o pesar e a determinação.
            Com o caráter você vai encontrar o que é justo sem que haja o fator ilusão;
            A prudência fará você ir ao extremo, limitando-o ao que realmente interessa;
            O pesar lhe guiará para sua escolha;
            A determinação firmará a sua identidade.

Força estranha:
Agora só falta inventar a forma da felicidade!

Força de vontade:
            Mas a felicidade é encontrada nos pequenos passos da longa caminhada. Não existe um rumo à felicidade, mas, encontros felizes ao longo do percurso.

Vítima:
            Isso quer dizer que eu não posso me programar para ser feliz? Eu não posso ter um objetivo para melhorar a minha vida a longo prazo?

Força de vontade:
            Claro que pode. Entenda: tudo que você for fazer tem que lhe proporcionar prazer sem que agrida qualquer das funções vitais. Consequentemente o seu objetivo será realizado sem que você perceba. Isso é justamente a continuidade desses pequenos passos prazerosos. E tudo que você planejou como objetivo terá sentido. Você acontecerá junto e paralelo a ele e não ficará esperando que ele aconteça.

Força estranha:
            Essas teorias de adolescentes! Sem dúvida lhe levará a uma disfunção corporal e psicológica.
            Tudo isso é muito bonito. Pena, que é muito lento. Hoje, dentro desse mundo globalizado, as coisas não são tão românticas, assim. Tem que ser mais imediata! Igual a um banco: investir e pegar os rendimentos.

Vítima:
            A realidade me chama!
            Toda essa loucura de querer parar de fumar invadiu e confundiu  o meu mundo real. Na minha vida, o cigarro e afins sempre estiveram presentes nos meus bons e maus momentos. Atrelado ao ato de fumar existe o ato de tomar café, ir ao banheiro, tomar uma bebida, transar, sair, pensar. Tudo isso é tão vicioso quanto o próprio fumo. É mais fácil não acender um cigarro do que deixar de ir ao banheiro.
            Acho que da mesma forma que a felicidade é pregada nos pequenos passos, o vício tem que ser resolvido com pequenas atitudes. Você não deixa apenas de fumar, deixa de realizar uma série de atividades habituais onde cada qual, apresenta o seu grau de dificuldade. Desde o mais simples gole de café ao contato da nicotina com o sistema nervoso.

Força estranha:
            Imagine se você nunca tivesse fumado. Esses outros hábitos existiriam ou não?
            Lembre-se: todos os hábitos depois do vício são exclusivamente ligados à ele. Isso prova que o ato de fumar é o fator que determina a harmonia de todos os hábitos. Agora se imagine sem fumar, todos os seus hábitos não terão mais harmonia.

Vítima:
            Eu odeio quando você tem certeza. Estou sem fazer uso do tabaco por mais de 15 dias. Tem sido muito difícil! Nos últimos dias não tenho tido tanta falta de uns tragos, não! Chegado o fim do mês, contas à pagar, contas à receber, cantos pra sair, canto pra ficar. Toda essa agitação me leva a acreditar que está faltando algo para complementar a agitação de fim de mês. Ai que vontade de fumar tudo isso! Encher a boca de fumaça e deixar escorregar de goela abaixo preenchendo cada espaço, ainda habitável, dos pulmões, até sentir o cérebro saciar-se e lambuzar-se de tantas substâncias químicas. Por algum instante o corpo sairá do seu movimento lógico causando um ligeiro desequilíbrio com sensações de prazer. Tudo isso em alguns segundos que outrora, tão imperceptíveis, foram.
            Você tem razão: eu sou um fracasso! Justo! Um fracasso...
            Eu realmente acredito que enquanto houver prazer no desejo, mesmo que esse desejo não se realize é evidente que há uma dependência. Preciso me convencer que, por mais desejo que sinta, não sinta prazer nisso. A princípio tenho que me fazer acreditar que o desejo pelo cigarro possa ser movido por outro motivo que não seja o prazer. Talvez o ódio, ou o medo, a dúvida; ou até mesmo o grau elevado da dependência. Mas o prazer?!

Força de vontade:
            Entenda que fumar é obter um prazer inútil. Igual ao ato de masturbar-se: você goza, mas mata toda chance de vida!

 Força estranha:
            Exato! Fumar é igual a masturbação: proporciona um prazer que é exclusivamente pessoal. Não é necessária uma segunda pessoa. O fumo por si só nos completa. É o nosso amigo confidente; sempre que estamos com problemas, lá está ele, pronto para se acabar em fumaça por nós. Não é necessário fumar desesperadamente. Acredito que 10 a 20 cigarros por dia sejam suficientes para aliviar as tensões. Ainda terá uma média equilibrada de vida útil. Eu conheço pessoas com mais de 80 anos que fumaram a vida inteira e não tiveram tantos problemas. Ora, veja só, quem come muita massa, pode sofrer com diabetes, excesso de gordura aumentam o colesterol, quem bebe muita água pode sofrer uma dor. Está vendo como é simples. Se você for moderado, souber administrar o seu vício, acredito que não está cometendo pecado algum!

Vítima:
            Caramba! Dessa vez a minha boca encheu-se d’água. Cheguei até refletir se é isso mesmo que quero enfrentar. Lembro que ainda sinto prazer quando desejo sentir o sabor quente do cigarro rasgando os meus pulmões. O melhor é saber que os meus horários habituais de fumar já não existem. Isso só prova que a todo instante, o vício usa o corpo do indivíduo para o seu único benefício. O corpo é apenas o casulo para o seu crescimento.


Pano




A Feira

Elementos da culinária nordestina adjetivando situações cotidianas. Composto em literatura de cordel baseado em fragmentos da cultura popular - dicionário do folclore brasileiro - Luis da Câmara Cascudo.
A Feira - Cordel - Wilson Palá

Antes de ele ser um afiambrado
Foi taxado de galinha e de goiaba
Abacaxi, carne seca e piaba.
Mas tudo que passou, comeu-calado.
Pois até de arroz doce foi chamado.
Engoliu cordas, ouviu farofas e paçocadas
Sendo vítima das mais tristes marmeladas
Lutou sempre pra pagar algum melão
Para ter no futuro o seu feijão
E poder sair de perto das buchadas.

Peixão, filé e bofe ele encontrou
Mas achava-se um simples pão dormido
Decidiu não ser pato e ser sabido
E na água ele, então, se deparou
Por uma azeitona se encantou
Pensando em ela ser cebola quente
O jaca mole então ficou doente
Pois a moça era uma fruta-verde
Ela não se empenharia em Manga-verde
Ele, pois, comeu insosso, impaciente.

Com azeites ia atrás da mangabinha
Não queria melancia ou bacalhau
Sua vida já estava um mingau
O infortúnio era mesmo que farinha
Pois queria um filé e não galinha;
Ser o peixe daquela linda mulata
E passar a sua vida na mamata.
Só pensava em catolés e não cuscuz
Sempre orava para que viesse a luz
Por ser ele um linguiça, mas, batata!


Glossário

Afiambrado: Homem elegante
Galinha: covarde
Goiaba: molenga
Abacaxi: desajeitado
Carne-seca: teimoso
Piaba: Pouca importância
Comeu calado: foi paciente
Arroz doce: Banal
Engoliu cordas: Acreditou.
Ouviu farofas: Gabolice
Paçocadas: Confusão de coisas
Marmeladas: desonestidade
Pagar melão: Despesa
Feijão: coisa certa
Buchadas: mulheres feias

Peixão: Mulher bonita e gostosa
Filé: Moça atraente
Bofe: velha prostituta
Pão dormido: Pobre em roda de ricos
Pato: imbecil, otário
Água: Monotonia
Azeitona: Mulatinha
Cebola quente: Mulher fácil
Jaca mole: Molenga, imbecil
Fruta verde: Moça adolescente
Manga verde: Compromisso incomprível
Comeu insosso: Amargurou-se
Azeites: Mau humor
Mangabinha: namorada provocante, ardente
Melancia: Mulher gorda, pesada, lenta
Bacalhau: Mulher magra demais
Mingau: Inútil
Farinha: Em abundância
Filé: Moça atraente
Galinha: Mulher fácil
Peixe: O preferido
Mamata: Vida boa, fácil.
Catolés: Seios de adolescentes (durinhos)
Cuscuz: Seios flácidos
Linguiça: Homem magro, desajeitado
Batata: justo, acertado, eficiente.